LONGE DELA


Tempo, memória, intensidade, sentimento, finitude, foram temas que entraram em ebulição na minha cabeça após assistir Longe Dela, filme de produção canadense, com direção da jovem atriz Sara Polley. História razoavelmente simples, contada do ponto de vista de um marido que assiste ao irreversível "desaparecimento" da mulher, acometida pelo mal de Alzheimer. Após uma convivência de quarenta anos ele ainda ama intensamente a esposa e sofre com o contínuo esquecimento dela o que a leva a decidir se internar numa clínica. Resta a ele vê-la partir e o que é pior, constatar que o amor dos dois será lembrado apenas por ele. Impossível não analisar esta situação tão definitiva sobre o ponto de vista de quem ama. Ou seja, todos nós, que num grau ou outro amamos alguém. Até que ponto, ou o quanto precisa ser forte e verdadeiro este sentimento, a ponto de não ser esquecido, ou relegado a segundo plano? Mesmo em uma pessoa saudável do ponto de vista neurológico estas questões estão em constante conflito e creio não ser isto novidade pra ninguém. Mas, mais importante que isso tavez, seja a infinita capacidade do ser-humano de justamente, amar. Mesmo a esposa esquecida do seu parceiro de tantos anos, começa a amar um outro homem, igualmente doente e internado, como ela. E o marido, esquecido por ela, dá, no final da história, talvez a maior prova de amor que se possa dar a alguém. A renúncia. São temas de grandeza os tratados por este filme. Grandeza de sentimentos, amor pelo outro e abnegação. Esta humanidade não está totalmente perdida.

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