Piu Piu faz 60 anos

Brando


"Um ator é um sujeito que, se você não estiver falando dele, não está prestando atenção."

– Frase de Marlon Brando, que nesta foto dá uma pinta incrível.

Oasis (agora sim)

– Noel, não precisa explicar nada, cara. Tá bom assim. Quem dera o Humberto Gessinger tivesse a mesma atitude. Ou desaparecesse, como o Belchior...

Ouvi em algum lugar

E descobri ser a mais pura verdade: Quando você pensa que sabe todas as respostas, a vida muda todas as perguntas.

Parece Akira


Freedom

Akira

Mas não é. Os traços são familiares porque pertencem ao mesmo Katsuhiro Otomo, pai do jovem anti-herói apocaliptico, nascido a 20 anos: Akira. Freedom é uma série de animê OVA (Original Video Adaptation) patrocinada pela Nissin Cup Noodles, em comemoração ao seu aniversário de 35 anos.

A tarde mais fria

O sangue escorria, lento, pelo nariz. Pingava na camisa, mas ele havia desistido de conter o fluxo. Não conseguia tocar o nariz. Talvez quebrado, doía insuportavelmente. Tinha os olhos vermelhos, cheios d'água. Sua cabeça parecia encharcada. Fosse pelo sangue, pelas lágrimas, pelo suor ou pela chuva que caía fina, bem fina. Quase uma garoa imperceptível. E o frio. O frio torturante que fazia naquela tarde de domingo, quase noite. Naquela rua já molhada, quase deserta. Ele tentava, com dificuldade, manter-se de pé na calçada. Tentava manter-se de pé, conter o sangue e lembrar. Fazia um esforço enorme para lembrar, mas não conseguia. Sentia muita dor. Por dentro. Por fora. O fluxo, as gotas, a garoa fina. Abria os olhos o máximo que podia. Tentava enxergar além da calçada. O outro lado da rua. Tentava enxergar não sabia exatamente o que, mas abria ao máximo os olhos, fazendo cair as lágrimas que insistiam em correr, misturando-se ao suor. Procurava alguém, ou talvez não quisesse ver ninguém. Melhor, preferia talvez que ninguém o visse ali, naquele estado. Não que ele soubesse propriamente o estado em que estava. Mas podia sentir. Sentia fundo, e sofria. Houve um momento em que as pernas não conseguiram mais. Num movimento instintivo, tentou apoiar-se em algo, mas na larga calçada só havia ele. Nenhum poste, nada. Alguns passos para trás o fez bater contra a parede de um bar, fechado àquela hora. Apoiou-se. Respirou fundo, quase feliz por não ter caído. Mas ao respirar, sentiu as costelas. Também doiam. Queria lembrar. Por que? Onde? Quando? Não conseguia. A dor fazia com que não sentisse muito o frio, que prometia uma noite gelada, naquela que os jornais noticiariam na segunda-feira seguinte, como a tarde mais fria na cidade, nos últimos 40 anos. Foi preciso que se passassem 40 anos, pra que fizesse um frio tão intenso, que o encontraria então, naquela calçada, naquela tarde de domingo deserta e tão fria, e ele tão machucado e tão perdido que não conseguia lembrar. Por que? Onde? Quem? Quem, enfim? Abriu os olhos o máximo que pôde. E encostado contra a parede, deixou-se cair, lentamente, até que tocasse o chão. O vento parecia mais forte agora, no chão. Abriu os olhos o máximo que pôde. Ninguém passava. A rua já molhada, agora totalmente deserta. E um poste à sua frente, do outro lado da rua, acendeu sua luz. Ele viu. Contra a lâmpada do poste, pôde ver os finos traços brancos da garoa que caía agora um pouco mais forte. Um vento gelado soprou no seu rosto, agora já quase sêco. Queria lembrar. Sabia que precisava lembrar, e pensava. Para logo em seguida, parar de pensar, pois parecia que quanto mais pensava, mais a dor aumentava. Sem muita consciência disso, queria que a dor parasse. Queria que o frio parasse, que a chuva parasse, que o dia terminasse logo e ele pudesse, enfim sair dali. Mas pra onde? Sair dali. Do frio, da chuva. Daquelas dores, do sangue que escorria, secando sobre seus lábios. Foi quando, abaixo do poste, do outro lado da rua, uma figura pequena, começou a tomar forma. Parecia um vulto, que ele não sabia se saía de trás do poste, ou mesmo brotava do chão. A figura crescia e tomava forma à sua frente, do outro lado da rua. A chuva caia pesada agora e a figura sem forma parecia crescer cada vez mais. Parecia chegar cada vez mais perto dele. Um hálito quente e familiar aproximou-se do seu rosto. Disse alguma coisa. Sentiu um toque leve na sua testa, e um jeito de mexer nos seus cabelos, que o fez reconhecer e enfim, lembrar.

Bate

As vezes, um pavor, que é do tamanho do mundo.

Galerias de Metrô



– E ai, Gilberto. Isto também é poluição visual?

Erika Christensen


Ela sempre chamou a minha atenção, apesar de não ser uma atriz muito conhecida ou badalada por aqui. Desde a adolescente que fode loucamente com um negão, em troca de drogas, no filme Traffic, até uma vilãzinha psicopata que quer a todo custo um nadador bonitinho, no filme Swimfan. Ela nunca foi protagonista, até onde eu sei. Mas a garota é dona daquilo que eu chamo de uma beleza incomum. Não sei definir muito bem. Mas é um tipo de beleza meio estranha, que eu admiro bastante. Além de excelente atriz. Acabei de assistir com ela, o médio Veronika decides to die, que apesar de não ser exatamente o filme do século, está longe de ser o lixo que as críticas estão propagando. Mais uma vez Erika não é a protagonista. Não importa, ela come pelas beiradas. E muito bem, diga-se de passagem.

Admirável mundo novo

Dizem que fumar faz mal à saúde. Que beber faz mal à saúde. Que fazer sexo faz mal à saúde. Ultimamente, respirar perto e algum contato físico com pessoas gripadas, podem te transmitir o mais novo vírus do pedaço. É o mundo tão mais admirável que acabamos de criar. Os MSNs e perfis virtuais tendem a bombar cada vez mais. Lá todos estarão mais seguros, livres de contatos mais próximos, claro. Porém vivos e sãos. Ultimamente é assim. A proximade está matando. Cuidado!

Vem ai...

Esteban Diacono

Erase

O caminho sem volta

O caminho sem volta é assim. Você vai andando, cada vez mais rápido, embora agora vá tranquilo. Porque tem certeza. E ter certeza é metade do castelo construído. O caminho sem volta é aquele que você percorre, sabendo exatamente onde vai dar. E você vai feliz. Porque sabe que lá no final, você vai ser, simples como o próprio andar, muito mais feliz.

Ana Cristina Cesar


Estamos em cima da hora.
Daydream.
Quem caça mais o olho um do outro?
Sou eu admito vitória.
Ela que mora conosco então nem se fala.
Caça, caça.
E faz passos pesados subindo a escada correndo.
Outra cena da minha vida.
Um amigo velho vive em táxis.
Dentro de um táxi é que ele me diz que quer
chorar mas não chora.
Não esqueço mais.
E a última, eu já te contei?
É assim.
Estamos parados.
Você lê sem parar, eu ouço uma canção.
Agora estamos em movimento.
Atravessando a grande ponte olhando o grande
rio e os três barcos colados imóveis no meio.
Você anda um pouco na frente.
Penso que sou mais nova do que sou.
Bem nova.
Estamos deitados.
Você acorda correndo.
Sonhei outra vez com a mesma coisa.
Estamos pensando.
Na mesma ordem de coisas.
Não, não na mesma ordem de coisas.
É domingo de manhã (não é dia útil às três da
tarde).
Quando a memória está útil.
Usa.
Agora é a sua vez.
Do you believe in love...?
Então está.
Não insisto mais.

Bom fim de semana

Percepção alterada

Site oferece vagas para trabalhar com Sarney


– Vai lá: http://sarneyjobs.com.br/

Os babacas

– Texto do Blog do Otávio, link tá ai ao lado. Leia este belíssimo tapa na cara:


Somos todos uns babacas.

Isso mesmo.

Todos nós.

Babacas.

Pagamos impostos demais e não recebemos nada.

Os impostos são sempre temas de campanhas políticas, mas nada é feito pra isso.

Enquanto isso?

A gente paga.

Cada vez mais.

Não podemos sair da linha.

Ou somos processados ou presos.

Fazemos reciclagem de lixo.

Aceitamos fumar no frio e na chuva.

Não bebemos antes de dirigir.

Pagamos pela saúde que não temos.

Pela educação.

Pela cultura que inexiste.

Somos culpados pela má distribuição.

Fazemos doações, atos de caridade.

Tentamos em vão aplacar a culpa de estar melhor que os outros, como se já não pagássemos impostos pra isso.

Procuramos ser corretos, dignos, imparciais, honestos e limpos.

Usamos camisinha.

Ficamos em filas.

Aceitamos as mudanças de regra no meio do jogo.

Enquanto isso, no Senado Federal, as putas velhas degladiam-se, acusando-se mutuamente.

E nada sofrem.

Peço desculpas à categoria das putas.

Vocês são infinitamente mais sérias e dignas.

Como querer falar de dignidade e ética com as novas gerações se a velha e caduca geração está pouco se lixando?

Literalmente.

Deputados que se lixam publicamente pra opinião pública.

Deputados são absolvidos na maior cara de pau.

Senadores que gritam e por pouco não se estapeiam.

Dois ex-presidentes, Collor e Sarney, que se unem a favor de privilégios e contra uma limpeza ética.

Um presidente da República, antiga esperança que veio das classes baixas, que defende os tais ex-presidentes em nome de uma tal governabilidade.

Gente que deve se sentar todos os dias diante de um painel gigantesco, onde estão coladas as nossas fotos 3X4, e devem ter acessos de risos.

Eles riem da nossa cara.

Eles nos acham patéticos.

Porque somos.

Trabalhando com arte então, nem se fala.

A falta de recursos só foi suplantada pela falta de perspectiva.

Estamos no fundo do poço, e o Sarney vem nos lembrar que o fundo do poço tem porão.

Não vamos às ruas, não apontamos o dedo na cara de quem nos ferra, não agimos em desobediêncica civil.

Somos vários, com muitas opiniões e verdades, e sem nenhuma identidade comum que nos designe dignamente como brasileiros.

Não somos um país.

Somos um amontoado liderado por tarados com interesses espúrios.

Tarados de bigode, de topete, de nove dedos, de peruca, com câncer, com botox, com pernas de pau, com caseiros, com passagens aéreas.

Tarados a rodo.

Somos seu fetiche.

Querem nos foder o tempo todo.

E fodem.

Estamos rendidos à condição de gado.

Um gado que não se rebela, que não tem estouros: abaixamos a cabeça em direção ao matadouro.

Somos todos uns bacacas.

AP 63


Ele dizia que fumava só um, no fim do dia. Chegava em casa, dava comida pros peixes, e já descalço e de cuecas, fumava só um, na janela, olhando a rua lá embaixo. Talvez por isso o apartamento não cheirasse muito a cigarro. Mas ele percebeu as pegadas de suor nos tacos do assoalho. O cheiro daquele único cigarro, misturava-se ao do perfume dele, que, embora tivesse sido passado pela manhã, ainda fixava-se à pele. E ele gostava daquela combinação, embora não gostasse do cheiro de cigarro. Nunca fumara. Não gostava de fumantes. Mas aquela combinação o agradava. E ele achava estranho o fato de apenas naquela combinação preferir o cheiro de cigarro, misturado ao perfume dele, que ele acabava de conhecer. As diferenças eram muitas: idade, credo, formação, estatura. Mas elas simplesmente não existiam, embora existissem. Era como se não fossem vistas, embora aparecessem. Mais. Era como se não fossem sentidas. Eles não sentiam as diferenças. Apenas o cheiro de cigarro, misturado ao perfume ainda fixado à pele, na janela aberta, a cueca frouxa, as pegadas de suor pelos tacos do assoalho.
Depois de muito tempo ele entrou no apartamento, mas parou no meio da sala, imaginando-o ainda, na janela, fumando o único cigarro do dia, olhando a rua lá embaixo. Não o via, mas ainda podia sentir os cheiros flutuando pela sala. As janelas abertas e o ar da noite secando as pegadas de suor nos tacos do assoalho. Parou no meio da sala e esperou. Esperou que o chamassem, de qualquer outro cômodo da casa. A única luz acesa, da cozinha, e um silêncio, onde ninguém o chamava. Qualquer coisa como entra, fica à vontade, senta aí. Ouvia ainda, mas ninguém o chamava. Procurou, ainda, alguma pegada de suor no chão, mas as janelas abertas tinham apagado as marcas. Ele não fumava. Nunca fumara em toda sua vida, mas sentiu uma súbita vontade. Talvez só para parecer um pouco com ele. Um pouco, quem sabe. E talvez ele também fumasse na janela, só de cuecas, olhando a rua lá embaixo.
Não o conhecia muito bem. Fora pouco o tempo de contato. Poucos dias naquele apartamento tão arejado, embora fosse pequeno. Eram as janelas sempre abertas. O ar da rua entrando, à noite, quando estavam juntos, e ele chegava, e o via ainda na janela, fumando o único cigarro do dia. E era sempre o mesmo sorriso ao vê-lo entrar e parar no meio da sala, como se quizesse assistí-lo, à janela, de cuecas e descalço. Sempre o mesmo sorriso, que lhe parecia, apesar da diferença de idade, apesar da diferença de tantas coisas, tão infantil. Mas as diferenças deixavam de existir ali, naquele apartamento de tacos no assoalho, agora secos e nenhuma marca sequer. As marcas agora todas nele, parado no meio da sala, esperando ainda, que alguém o chamasse, de algum outro cômodo qualquer da casa. Mas tinha apenas a luz da cozinha, branca, forte, asséptica. Ele ainda ficou um tempo parado no meio da sala. Respirou profundamente. Não pra sentir qualquer outro cheiro, que não fosse um resíduo que ainda restasse na sala, daquele único cigarro fumado no dia, misturado àquele perfume, passado pela manhã, ainda fixado na pele. Aquela mistura de perfumes, que ele sentía quando chegava, à noite, e o via na janela, descalço e de cuecas, fumando o único cigarro do dia, olhando a rua lá embaixo.

Clarice

"Quanto a escrever, mais vale um cachorro vivo."

Schiphol

– Me aguarde.

Talk’n’Dance


3° Edição Talk’n’Dance – Sexta –Feira, 7 de Agosto

- TalkShow com a renomada cineasta Laís Bodanzky (Bicho de Sete Cabeças, Chega de Saudade), que revelará em primeira mão alguns detalhes de seu recém-concluído longa-metragem As Melhores Coisas do Mundo, com direito à exibição especial de um avant-trailer.

- Talk’n’Dance com o top DJ Luiz Pareto, que deixará extraordinariamente sua residência de sextas-feiras da noite Freak Chic, no D-Edge, para tocar com exclusividade no Talk'n'Dance.

Horários:
00h: Talk Show
1h: Festa – Talk’n’Dance

– Sigam-me os bons.

Ah, tá...

Depeche Mode cancelou. Mas o Information Society tá confirmadíssimo!!!

Acredita

Estive não sei onde e agora não sei mais
espero que me enganem porque quero acreditar
espero que me chamem onde não tem ninguém para ouvir
fico quieto e assim não me faço notar
mas se não me notam tanto pior
fico do jeito que eu quero
mesmo querendo que me enganem
mesmo querendo acreditar.