A água é a causa material de todas as coisas


Para o filósofo grego Tales de Mileto, a água é a substância única de todas as coisas. Segundo Tales, a água, ao se resfriar, torna-se densa e dá origem à terra; ao se aquecer transforma-se em vapor e ar, que retornam como chuva quando novamente esfriados. Desse ciclo de movimento (vapor, chuva, rio, mar, terra) nascem as diversas formas de vida, vegetal e animal. A cosmologia de Tales pode ser resumida nas seguintes proposições: A terra flutua sobre a água; A água é a causa material de todas as coisas. Todas as coisas estão cheias de deuses. Ou Deus, para os crentes. Mas o mais importante que quero destacar, é isto: A água é a causa material de todas as coisas.

Água, lágrimas e suor. No difícil 2008 houve muita água feita em lágrimas. Tantas, que prefiro esquecer. No luminoso 2009 houve muito suor, coisa que sempre gostei. Para mim, o suor, feito água, é vida. É extensão e resultado de força, de esforço e de luta. Em 2009 houve muito suor, até numa forma de superar as águas do ano anterior, e isso foi bom. Isso foi muito bom. Nascido e criado perto de tanta água, de mar, de rios, de cachoeiras, a água sempre foi considerada por mim, uma espécie de templo. Uma espécie de deus ou deusa, como acreditava Tales. Sendo assim, algo a quem eu sempre fiz reverência. Algo a que sempre idolatrei. Mais um motivo para tanto valor ao tanto de suor que verti neste ano que acaba. O chamei de luminoso porque ele foi o início de um montão de coisas que prometem outras tantas coisas incríveis, claro, em 2010. Mas só porque SE SUA. Só porque SE LUTA. Peace.

Homem ao mar!!!

Dicen que la distancia es el olvido

Sério mesmo, que o que senti era uma projeção daquilo que só eu queria e que só eu via? Quem te disse essa bobagem? A terapeuta? A caixa da padaria? Ahhh, quem poderia saber? Nenhum de nós, talvez. Nem mesmo você, tão longe, tão feliz?! Nem mesmo o Dalai Lama, pois este, cá entre nós, acho que nunca sentiu. Nem mesmo você, tão incrível, tão assassino. De qualquer forma, dicen que la distancia es el olvido. Sendo assim, então deve estar perto de passar. De cessar, gostei de usar esta palavra este ano. Soa-me bem, como taínha, sabe, o peixe?!

É Natal

Time To Pretend

Em toda cidade passa um rio

Às vezes mais de um. Eu não devia ter feito isto. Fantasiar por minha conta e risco quem passa por ele. Seja de barco, canoa ou afogado. Não tive a necessária sensibilidade para distinguir que quem vive, bóia de peito pra cima. O afogado, bóia com a cara pro fundo. Eu não devia ter feito isto.

Bastardos


– Eu não vi, minhas filhas não viram. Mas a despeito de todas as opiniões conflitantes sobre este filme, preciso dizer que este pôster... me pegou. Sensacional!!

Olha só

quanta coisa impensada de se pensar naquele horário comercial mais longo do ano. Esperando a hora do estacionamento vazio. POC POC POC. Os canhões acendendo um a um. Onde não haverá voz, som, ou passos chegando de leve, pondo a mão no meu ombro e dizendo, vamos?

Para Pablo

Oportuno

Li outro dia, mais ou menos assim, que é insano viajarmos na insanidade dos outros. Acho mais insano embarcamos na nossa própria insanidade. Da nossa é que devemos ter medo. Porque o outro, nem sabemos se é ou o quanto é louco mesmo. Mas de nós, creio que devemos ter noção das nossas loucuras. Pense no quanto de nós não deveria estar proibido de conviver em sociedade. É louco isso. O que podemos criar no meio desta viagem é de botar medo no agiota mais escroto do centro da cidade. Cabe nesta viagem, bem oportuna por sinal, as palavras de Volta-Seca. Não sabe quem é? Googla!! Peace...

Se eu soubesse que chorando empato tua viagem, meus olhos eram dois rios que não te davam passagem.

Camafeu

Soprou a fumaça longe, longamente para o céu e o coração doía. Por trás dos óculos conseguia olhar direto no sol. Cego não se importava se ficasse. Tanto melhor. Mas sentiria ainda assim. No próximo encontro lembraria de pedir que lhe arrancasse os olhos. Pediria que usasse para isso aquele antigo camafeu que pertencera a sua avó.

Sexta-feira em SP


– Eu vou neste negócio. Bora???

O tiro não dói só em quem recebe

O crime que vitimou o dramaturgo Mário Bortolotto no último fim de semana em São Paulo, de certa forma atingiu a todos nós. Seja você próximo dele ou não. Amigo, admirador, ou não. É a violência que já chegou na nossa porta há muito tempo. E ela está nos intimidando. E isso é tão fatal para nós quanto os tiros que "estamos levando".

Torço fortemente pelo Mário. Pelo artista que é, pelo ser humano que é, como qualquer outro. Ele sai dessa, com certeza. Esta triste história me lembrou uma semelhante, ocorrida com um amigo, que me levou na época, a escrever o que você lê abaixo. Peace:


À queima-roupa

Foram dois tiros pelas costas. Mas não sentiu dor, apenas um susto quando as balas estilhaçaram o vidro de trás do carro. Não sentiu dor, mas uma ardência que ele pensou serem os cacos de vidro espetando suas costas. Ele viu os caras se aproximando pela traseira do carro e viu, de relance, as armas. Foi tudo rápido, um reflexo. Não houve voz, não ouve comando, não deu tempo a eles. Pisou fundo no acelerador. Os pneus cantaram e uma fumaça preta subiu o cheiro de queimado da borracha. Não pensou em nada, queria fugir dali. Nada à sua frente. Branco. Vermelho. Queimado. Vidro. Foram dois tiros pelas costas. Não houve dor. Uma ardência leve no braço direito que recebeu uma bala de raspão. Uma ardência mais forte perto da nuca que recebeu uma bala em cheio. Ele viu o vidro da frente se quebrando. Ouviu o barulho da clavícula se partindo. Era a bala que saía pelo pescoço. Não houve dor. Ouviu gritos, buzinas, sirenes, branco, vermelho. Como é seu nome? Não lembrava, não conseguia. Não sentia dor, apenas cansaço, queria fechar os olhos. Dormir. Não conseguia, os olhos abertos o tempo inteiro. Queria enxergar, queria entender, queria lembrar. Deitou-se, era macio, branco, vermelho. Respirou fundo e conseguiu fechar os olhos. Lembrou-se dela. Sentiu uma dor insuportável. Profunda. Suor, roupas rasgadas, vermelho. A dor o fêz gemer. Sentiu uma mão tocando sua testa, seus cabelos, seu suor. Abriu os olhos e a viu chorando. Sorriu. A dor aumentou desesperadoramente. Olhou nos olhos dela e finalmente chorou.

Outro coração

Entre todas aquelas lamentações que corriam pela cidade iluminada colorida, procurei não dizer muito. Quis dizer nada. Mas aí era muito pra que eu conseguisse. Disse pouco. Quase nada. Não queria aumentar a fila. Quis dizer em silêncio. Quis pedir em silêncio. Porque tenho gritado demais, sem resultado. Como um menino em dia de prova, conclui ao sair de casa. Para que você ouvisse seria preciso que nascesse de novo e tivesse aí outro coração batendo. Que não o seu.

Começa


Traz pra mim o café na cama. Não precisa suco. Um café preto tá de bom tamanho. Eu quero ficar pensando um pouco mais em tudo o que não tem deixado em paz minha cabeça, já sem muito cabelo. Mas nenhum branco, por enquanto. E lembro de minha irmã perguntando se eu pintava o cavanhaque. Nossa, mas parece tão preto. – Ela admirava. Por enquanto ainda não pinto, não. Nem pretendo nunca fazê-lo. Tem momentos, como estes de agora, que tudo que quero é pensar menos. Ficar na cama, não exatamente vegetando, mas descansando a cabeça de tantos pensamentos, tantos deles absurdos. Então eu prefiro um café preto puro. Compro aqueles aromáticos e misturo com o pó de café comum, bem mais barato. Mas o sabor, o cheiro do outro mais especial fazem toda a diferença. E eu fico um pouco mais na cama depois de acordar. Ouvindo música no tocador e tomando café preto e uma réstia de sol fraco entra pelos furos da veneziana da janela e o dia promete ser quente, embora não prometa muito sol. Mas a gente sempre quer mais calor, mais luz, mais gente na rua, gente na calçada, gente na padaria, gente nas lojas mais caras da cidade, que francamente, eu tô cagando. Começa o dia mais ou menos em paz. E tenho precisado tanto de paz. E ela tem fugido de mim como uma virgenzinha escrota pudica safada hipócrita. Assim como as velhinhas nos taxis em dias de chuva. Mais um tempo na cama antes de levantar, ouvindo baixinho as músicas mais tristes, que são as que eu mais gosto. Não é de agora, não. Sempre foi assim. Mesmo nas épocas mais felizes e de mais paz. Sempre foi assim. Então talvez se eu pensasse menos. Se eu ouvir mais as músicas tristes e ficar um pouco mais na cama, olhando o brilho do sol entrando pelas frestas, então é um começo de paz que vem despontando e eu ameaço um sorriso pequeno que abre gigante depois que o telefone toca. E eu ouço aquela voz que ouvi a dias atrás e ela é nova. É cheia de alegria e vida e só de ouvir, mesmo sem ver, eu sei que ela fala sorrindo. Eu posso até ver, mesmo de olhos fechados, ouvindo aquelas músicas tristes que eu tanto gosto. É mesmo aquela conversa tonta, cambaleante, de quem não se conhece direito, mas que quer tanto, espera tanto. E ainda de olhos fechados, percebo que o sol agora explode pelas pequenas frestas da janela e parece querer entrar a força no quarto, como uma bomba atômica numa contração de parto, querendo dar à luz uma criança cheia de vida e alegria e aquele sorriso que toma toda a voz. A voz que ouço agora, de olhos fechados, ao telefone, que tocou justo no momento da música mais triste, da melodia mais cortante e dolorida. Porque já doeu muito. E eu já chorei muito. Ainda não secou, mas eu chorei muito. Mas agora eu quero a explosão daquele sol entrando pela janela. Quero a bomba atômica parindo. Quero aquela voz cheia de sorrisos. Quero aquele perfume novo, que eu seria capaz de reconhecer a quilômetros de distância. Eu quero o dia cheio de luz e de gente e de calçadas e de cachorros e de castanho claro. Da cor dos seus cabelos. Eu quero tudo isso que as músicas tristes me dão, pois me treinaram bem, enquanto eu chorava e esperava. Eu quero tudo isso agora. Não amanhã e nem depois. Eu quero agora. Começa.

Ainda não sabia

Enquanto esperava pacientemente por um movimento seu, passava lentamente por trás e respirava fundo o perfume que ainda subia pela sua nuca. Que me golpeava forte o lado direito do cérebro. Ou sería do peito, ainda não sabia. Mas tinha a espera. Tinha o aperto de mão que não quer soltar. Tinha as costas e a nuca. O perfume que subia ainda no fim da tarde. Talvez porque eu sentisse muito. Quisesse muito. Mas não soubesse nada. Então como se fosse possível prender a respiração e ao mesmo tempo gritar. Gritei. Mas foi tão surdo que ninguém ouviu. Ele morreu na garganta. E nem eu mesmo ouvi. Porque eu ainda não sabia.

Next door

Pára de pensar. Não olhe pro lado. Isto te faz apertar o cadarço do tênis quinhentas vezes ao dia. E nunca é o suficiente. E ainda corre o risco de gangrenar. Aí você não vai poder correr. Não com o pé machucado. E você vai precisar. Mas não com o tênis apertado de tanto que você põe força onde não devia. E suavidade onde menos. Preste atenção e consiga você mesmo as respostas que não te deixam dormir. Ou acordar com aquele primeiro pensamento do dia. Pára de pensar. Respira. Conta até quinhentos. E principalmente, não olhe pro lado.

Dia Mundial de Luta

Cortázar


"E, se nos mordemos, a dor é doce, e se nos afogamos num breve e terrível absorver simultâneo de fôlego, essa instantânea morte é bela. E já existe uma só saliva e um só sabor de fruta, e eu te sinto tremular contra mim, como um lua na água."

Mergulho


Nestes dias em que chove muito. Mas o calor não cessa. Nestes dias que são mais abafados que molhados. Embora incomode. Eu lembro da presença da chuva em vários momentos que já vivi. É uma espécie de prazer ao contrário, estes dias em que chove muito. Lembro da sensação dos banhos de chuva no quintal, ou na rua em frente de casa. Ou dos mergulhos na piscina, ou mesmo no mar, em dias de chuva – rotinas cariocas. Sabe aquela sensação de entrar na água, não num dia claro de sol, mas num dia até meio frio, nublado e chuvoso. Quando falo da espécie de prazer ao contrário, talvez queira dizer que os dias de chuva pode sim atrapalhar ou tirar o prazer de muita gente, eu incluso. Mas tem o além disso. Lembro por exemplo que nos dias muito quentes, que já se previa a chuvarada pela tarde, eu entrava embaixo do fusca do meu pai, estacionado na garagem – nesta época eu cabia – e só com a cabeça pra fora, embaixo da traseira do carro, ficava observando os primeiros grossos pingos de chuva encontrarem o cimento do quintal, tão quente do dia inteiro. Tinha uma espécie de temor ali, sei lá. Fosse da natureza, fosse do quintal em silêncio e deserto. Fosse talvez porque meus pais não soubessem que eu estava ali, embaixo do fusca. Quieto, olhando a chuva começar no quintal. Mais ou menos como o estranho que pode parecer mergulhar numa piscina, debaixo de chuva. O temor sempre presente. Uma espécie de desconhecimento, misturado ao prazer que a água te dá nestas condições. Mais até do que aquele banho de chuva, tomado na praia, depois de um dia inteiro de sol – mais cariocas. Típico dos dias de muito calor. E isso é sensação que não se pode descrever. Só mesmo sentir. É um prazer imenso e uma sensação de estar vivo, que não se pode mensurar. Mas o mergulho na piscina desconhecida, debaixo de muita chuva, talvez seja mesmo a espécie de prazer ao contrário. Como um suicida que se atira, sem no entanto desejar morrer.

Besteirinha

Depois choveu e tive aquela saudade que duraría o tempo do elevador chegar até o seu andar. Tempo mais que necessário para transpirar toda ansiedade e espera que me levariam ao paraíso. E ao inferno. Quando ele descesse e durasse o tempo mais que necessário para que eu entendesse. Que a próxima espera levaria milênios.

Digitais


Quero conter aquele perfume que aos poucos se esvai. E ando com passos quase mortos pela calçada já vazia, embora fuja dos gigantes implacáveis relógios digitais que querem me dar conta: já é dia. Fujo para conter. Fujo para reter comigo aquele fio restante de calor e perfume já quase esgotados. Quero levar comigo. Não vejo outra saída. Senão paralisar. Congelar na calçada já vazia.

Últimos dias dos Monstros


– Não perca as últimas oportunidades de assistir a um espetáculo tão perturbador quanto enriquecedor.


O LIVRO DOS MONSTROS GUARDADOS está no Teatro Imprensa - SP
Terças, Quartas e Quintas às 21h

Foto & Fonte do blog cacilda.folha.blog.uol.com.br/

Love Rescue Me

Love rescue me
Come forth and speak to me
Raise me up and don't let me fall
No man is my enemy
My own hands imprison me
Love rescue me

Many strangers have I met
On the road to my regret
Many lost who seek to find themselves in me
They ask me to reveal
The very thoughts they would conceal
Love rescue me

And the sun in the sky
Makes a shadow of you and I
Stretching out as the sun sinks in the sea
I'm here without a name
In the palace of my shame
Said, love rescue me

In the cold mirror of a glass
I see my reflection pass
See the dark shades of what I used to be
See the purple of her eyes
The scarlet of my lies
Love rescue me

Yea, though I walk
In the valley of shadow
Yea, I will fear no evil
I have cursed thy rod and staff
They no longer comfort me
Love rescue me

I said love
Climb up the moutains, said love
I said love, oh my love
On the hill of the son
I'm on the eve of a storm
And my word you must believe in
Oh, I said love, rescue me
Oh yeah, oh yeah, oh yeah...

Yeah I'm here without a name
In the palace of my shame
I said love rescue me

I've conquered my past
The future is here at last
I stand at the entrance
To a new world I can see
The ruins to the right of me
Will soon have lost sight of me
Love rescue me

– U2

I CAN'T EXPLAIN

And I won't even try.

Noites brancas

E se depois de todas as camisetas brancas, de todas as rosas brancas daquele jardim de inverno coberto de pequenas pedras brancas, o que seria ter na minha direção aquele branco cheio de perguntas do seu olhar? O mesmo olhar que todos na grande casa, da grande festa desejam. O que seria? Talvez uma paz tão breve e tão branca sendo mais branca até que todas as rosas e todos os filtros de todos os cigarros e todas as camisetas que desfilam, que passam e te olham. E se depois de toda essa paz que duraria tão pouco, na verdade só o tempo breve do pulo do gato que salta do banco de vime do jardim de inverno e passa tranquilo pela sala ignorando os filtros, as camisetas e os olhares brancos que vão todos para você. O que seria ter na minha direção este olhar? Que embora na festa não é de alegria. É antes de pedinte. É antes do cientista que busca louco pela noite a dentro a tão desejada fórmula. A tão desejada cura. O tão desejado e sempre buscado mas nunca encontrado. O seu olhar, no segundo em que o gato atravessa a sala entre todas as camisetas brancas, cai na minha direção. Neste exato e breve segundo que, sem chances de sobrevivência, caio sem vida no jardim coberto de pedras brancas.

Swing de Campo Grande

Minha carne é de carnaval
O meu coração é igual
Minha carne é de carnaval
O meu coração é igual
Minha carne é de carnaval
O meu coração é igual

Aqueles que têm uma seta
e quatro letras de amor
por isso onde quer que
eu ande em qualquer pedaço
eu faço
um campo grande
um campo grande
um campo grande

Eu não marco toca
eu viro toca
eu viro moita


Os Novos Baianos

Relapse

Esperança

Vi a esperança de regata branca me enviar um sms de saudade. É sempre bom ser lembrado. Principalmente por ela, vestida assim para matar. Cinco minutos depois ela chegou. Sem alarde, para não ser notada por quem não merecia. Porque eu sim. Eu sim.

Geladas & Risadas

Tá, este é daqueles escritos no próprio editor do blog. Segura, é provável que saia merda. Ou não, a ver. É só porque preciso explodir um pouco. Pra não implodir. Dia quente, chato, que só não foi monótono porque consegui ter idéias boas que tomarão forma mais a frente. Dia chato em que pleiteei uma folga no trabalho pra amanhã e não consegui. Queria sair, dar umas risadas, tomar uma gelada e falar um pouco de merda. Ok, não consegui a folga, mas vou fazer tudo isso assim mesmo. Matei um encontro importante, que ia me fazer bem (em parte), porque acreditei que me sairia melhor se fizesse as três coisas que falei acima, mais triviais mas não menos importantes. Pelo menos hoje. Porque hoje é assim. Vou me sentir melhor falando merda, dando risada e tomando uma gelada. Nesta quarta-feira normalzinha, em que não fiz coisas importantes que deveria fazer. Mas que me divertir, nem que seja só um pouquinho nas próximas horas, vai me lavar a alma. Peace.

DELETEI

Hoje tá foda.

500 days of summer


Vi gente boa e inteligente torcer o nariz pra este filme, que à primeira vista, pode parecer apenas mais uma comédia romântica. NÃO É! Misturando referências de produções recentes e bem sucedidas com uma leitura pop dos relacionamentos, o longa dá quase todo o crédito ao seu diretor, Marc Web, egresso dos Vídeo Clips. E o cara acerta em cheio ao unir os estilos pra contar a história (não) romântica de um casal que (não?) dá certo. Levanta a mão quem nunca viu isso antes. Digo, na vida, pô.

É a história de Tom (Joseph Gordon-Levitt), amargurado redator de cartões comemorativos que vê sua vida mudar ao conhecer Summer (Zoey Deschanel, um chuá). Ele é um romântico convícto e a moça não. Mas não é só isso. Roteiro inteligentíssimo, atores excelentes, trilha sonora arrasadora, são só alguns dos pontos que ressalto pra fazer você correr pro cinema mais próximo o quanto antes. Não perca por nada.

segunda-feira

Não consigo dormir

Depois eu não consigo dormir com você na minha cama. E não to falando apenas de sexo. To falando de tudo que falamos antes, incluindo os palavrões durante e depois das 3 da tarde, quando não deixo o sol entrar e me pego conversando com você. Você tão natural como veio ao mundo, falando dos almoços de domingo na casa da sua avó. Ou da viagem ao Rio de Janeiro na casa de uma amiga. Tão natural, que eu imagino o que elas diriam se pudessem te ver agora, voltando do banho, esquecendo de limpar os pés ao subir na cama. Folheio um gibi enquanto você seca os cabelos. De minha parte não movo um músculo sequer. Não vou a lugar nenhum. Depois deixo você ir. Porque eu não consigo dormir com você na minha cama.

A pequena felicidade


O sol que refletia no liso cimento queimado do corredor o fez protejer os olhos. O estreito corredor que levava aos fundos do velho quintal, que ele ganhou lento, batendo atrás de si o pequeno portão de madeira. O sol do meio da tarde estalava o cimento queimado, como uma gigantesca lente de contato, fazendo subir um calor quase insuportável. Poderia queimar os pés se pisasse descanço naquele cimento em brasa. Quando era criança, nos dias de chuva, se jogava no liso molhado do corredor e escorregava até os fundos da casa, onde sua mãe não raro o advertia, embora, apesar de não demonstrar, gostasse das suas brincadeiras na chuva. O barulho do portão batendo despertou o velho Amarelo, deitado amarrado à uma sombra de goiabeira, que abanou preguiçoso a calda felpuda ao reconhecê-lo. No seu lugar de sempre, próximo ao pequeno tanque de roupas, onde ele adorava tomar banho, pequenino, nos dias de muito calor. Como aquele em que voltava, depois de tanto tempo. Quanto tempo? Não saberia dizer ao certo. Mas era tempo o suficiente para reconhecer a velhice do fiel Amarelo, agora quase todo branco, língua para fora, abanando a calda com a preguiça de viver que só os velhos têm. E isso não importa se gente ou bicho. Ao lado do tanque de roupas, a porta aberta da cozinha revela o escuro lá de dentro. O ar sem luz que o faz sentir o cheiro frio de comida guardada, encontrando o ar quente dos fundos da casa. Parou em cima do tapete da porta, gasto e já furado e a viu de pé, diante da pequena pia. Acima, numa abertura na parede, a imagem de São Francisco, o protetor das crianças e dos animais. Ela emborcava o último copo enxuto sobre o pano de prato estendido na pia quando parou, de repente. Parecia pequena. Ainda menor do que sempre fora. Mais curvada, mas ainda conservando alguma beleza da mulher que havia sido. Sem susto ela deparou com ele parado à porta. Magro, queimado de sol, a barba por fazer e os olhos pequenos que ela tanto conhecia. Os olhos que pareciam sempre lhe pedir desculpas. Como uma onda impossível de se conter, de espera, de angústia, de saudade, de tantas coisas que nunca foram ditas, tantos momentos nunca realizados, ela abriu os braços para ele, sem sorrir e sem chorar, apenas o velho rosto firme que ainda lhe chamava, ainda lhe esperava. Com a cabeça nos ombros dela, depois de tanto tempo, ele pôde sentir seus dedos mexendo sua orelha, num carinho antigo. Ela dizia alguma coisa mas ele não ouvia. Ele só ouvia o grande poço escuro dentro da sua cabeça. Ouvia apenas o som da moeda que cai no nada sem nunca chegar ao fim. Ele não a ouvia, mas ela o ouvia:

– Não posso mais fugir, mãe. Não tenho mais onde ir. Não tenho mais em quem confiar. Fiz mal a muita gente, mãe. Eu não aprendi nada, eu não aprendi nada, mãe.

Cansado, ele suava de febre e medo. Ela o puxa para dentro da casa. Sentam-se enquanto ele lhe conta tudo, tal como o condenado que anseia livrar-se de todos os crimes. Não havia mais solução. Depois de tantos desatinos, tantos crimes, era realmente muita sorte que ainda estivesse livre. Que ainda estivesse vivo. Acuado e vencido, ele voltava apenas para vê-la, ainda uma vez, antes de desaparecer definitivamente. Era certo que o pegariam. Era certo que o matariam. Voltava porque ali deixara um dia, o que ele chamava de pequena felicidade. A pequena casa onde crescera, onde fora amado e onde, reconhecia agora, tivera a maior felicidade que poderia alcançar na vida, que ele fizera toda errada. Voltava para pedir perdão. Compreenssiva, ela promete acolhê-lo e salvá-lo ainda mais uma vez. Ele sorri da sua ingenuidade. Ela lhe prepara um banho, remédios, alimento. O põe na sua cama de criança e fica ao seu lado, até que ele finalmente adormece, depois de muito chorar e delirar. Se entrega por fim ao cansaço e ao amparo das mãos dela. Respirando aliviada por vê-lo finalmente em paz, ela o observa dormir, como o menino de tanto tempo atrás. O cansaço, junto ao forte chá relaxante que ela o fizera tomar certamente derrubam sua resistência e ele dormiria por horas até que os efeitos passassem. Sem tirar os olhos dele, ela toma o pequeno travesseiro e põe delicadamente sobre seu rosto, deitando-se sobre ele. Há apenas um pequeno e breve movimento de braços, que graças ao seu sono profundo, ela consegue vencer. Fica ainda assim, sobre ele, mesmo depois que todos os movimentos cessam. Por fim o toma nos braços, como quando o fazia dormir e quase sorri. Quase feliz, ela conseguira enfim, salvar o seu menino.

Love without talking

Hoje oro por eles

Trust me:

my happiness
no relation to happiness.

Ferro

Os músculos doem
a cabeça vaga
a boca seca
a perna bamba
o suor escorre
os olhos fecham
os dedos teclam
os dedos cansam
os amigos chegam
os abraços provam
os músculos doem
e a vida segue.

Para Otávio

Inapto

Não tenho a capacidade de esquecer. Sufocar. Exterminar as lembranças. Apagar as marcas como um ácido que não atinge o seu alvo. E se espalha no ar como uma peste negra e silenciosa atingindo os incaltos à sua volta e assim revivendo em todos eles. Todos iguais. Todos perfeitamente capacitados, marchando em ordem e sincronismos perfeitos como um estudado balé de zumbis. Não tenho esta capacidade. Reconheço. A profunda inaptidão e teimosia que se rebela contra todos os avisos. Todas as placas. Todos os alarmes. E ignora à pedradas os tolos que ainda me advertem.

Boa semana

Sob o céu de Saigon

(...) Uns cem metros além, ela pela alameda Tietê, ele pela Santos, esse rapaz e essa moça, ou talvez os dois, ou quem sabe até mesmo nenhum, mas de qualquer forma ao mesmo tempo, pensam vagos e sem rancor mas estes sábados sempre tão chatos, porra, nunca acontece nada. Por associação de idéias nem tão estranha assim, ele ou ela, ou nenhum dos dois, talvez olhem ou não para trás procurando quem sabe algum vestígio, um resto qualquer um do outro pela rua Augusta deserta do sábado à tarde.

Caio F.

Don Bosco


Duas garrafas de Don Bosco depois, levantou da cama sem notar o lençol manchado de vermelho. Caminhou lento até a cozinha e, surpreso, se perguntou se sempre estiveram ali aqueles azulejos amarelos. Não saberia dizer que horas eram, mas tudo parecia ainda escuro. Tentava focar em redor mas não enxergava as coisas com nitidez. Descalço, pisou em algo que furou se pé. Gritou. Xingou. E a cabeça doeu. Puxou o caco de vidro da carne e gritou ainda mais. Xingou novamente. Um cheiro estranho passou pela sua cara. Não era doce. Não era familiar. Mancando, voltou à sala, tentando enxergar. Tudo escuro. O cheiro mais forte ainda. Acre, de repente familiar. Reconheceu-o e um certo temor surgiu, mas não sabia o porque. Pisou em algo frio, escorregou e caiu, amparando-se na estante de ferro, machucando o pulso direito. O cheiro, insuportavelmente próximo, líquido, pegajoso, revelador. Próxima a ele, caída no chão, ela, nua, alguns cacos de vidro em volta e um corte profundo atravessando todo o pescoço, que ainda mantinha a delicada gargantilha de prata, com um pingente de anjo.

80 anos

Gritando em Tupi

Imagine que você pudesse matar (realmente) todos os seus desafetos. Matar, livrar-se do corpo e da culpa e a partir disso viver uma vida feliz, tendo por companhia apenas aquelas pessoas a quem você quer bem. Às vezes dá uma baita preguiça de viver e conviver com algumas pessoas. Tá certo que não sou daqueles mais fáceis de se conviver, mas acho que tenho noção se desagrado, a quem desagrado, e acima de tudo, acho que sei respeitar os outros, de um modo geral. Talvez por isso não me considero pedra no tênis de ninguém. É que con-viver hoje em dia tá muito difícil. Numa época de magros, bem-sucedidos, milhagens bombadas, sucesso, dentes brancos, sexo quantitativo (com segurança, claro) hipócritas do caralho, se se foge um pouco a algumas destas regras, você é um peixe fora d'água. Ou um índio sem tribo, gritando em tupi, perdido no meio da mata fechada de Copacabana à época do descobrimento. Imagine-se no Posto 6, cercado de verde, ouvindo as ondas quebrarem pertinho, ali na curva, sobre as pedras do Forte. Pois é. Tá difícil. Querer muito tato e um pouco de malandragem viver uma vida o mínimo saudável por estes dias tão distantes do descobrimento, mas onde descobrimos outras coisas tão mais penosas. Tô sendo muito pessimista? Ok, eu nunca fui muito otimista, mesmo. Mas tô longe de ser fatalista. Apenas não tenho muito saco pra me enganar, ou aos outros, o que é bem pior. Talvez seja um lampejo de serenidade e consciência, e isso é bom. Me dá um respiro pra seguir andando, porque ainda tenho muitas risadas pra dar, apesar da velha Urtiguisse que me acompanha. Acabo de ler no blog do Otávio, que menciona a "apatia desoladora das relações virtuais". Essa apatia me enche de preguiça. Não só a mim, mas talvez a você também, que me lê agora. Um mínimo de tentativa sã de levar esta atual vida doida e rasa pode ser um preventivo a esta apatia. Então, me deixem de fora destes joquetinhos de conquistas e projeções baratas, de gente barata, pela rede mundial de computadores. Me deixem de fora desta cultura plástica de gente sem alma, trajando um incrível corpão. Eu quero sim, o onírico, mas que tenha a força de uma boa mordida no pescoço.

Weekend in Rio (é pá-pum)

Bergman (Ode aos Clássicos)

Hiato


Tira daqui este intervalo. Este hiato. Este túnel de neon azul onde pairo suspenso, lento, sem nunca pôr o chão nos pés. Sem nunca chegar ao final. Sim, pois vejo a luz. No final. Mas pairo, suspenso, flooting, sem ar, sem voz, sem mãos. Atadas. Tira de mim este espaço de tempo. Esta breve lenta interminável viagem. Onde não chego. Onde não chegas. Quero cortar o espaço, veloz feito uma flecha incendiada que viaja reta, rápida, certeira. Sem titubear ao seu destino. Um sibilo. Um segundo. Um respiro.

"Dialética

É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste..."

Vinicius de Moraes

Olho roxo

Fiquei um bom tempo sem sair, fantasiando que as contas não entrariam na caixa do correio. Ou que a faxineira limparia o chão sem que eu precisasse levantar os pés. O lance de não sair requeria uma certa tolerância com aquele cara estranho que acabava de sentar na minha mesa e tomava o meu lugar. Pois bem, agora quando você me ligar, lembre-se, estou na rua. Não acredite em nada o que disser a voz que vai te atender. É ele, não sou eu. Fui pra rua, pois conheço a força do meu braço e não quero ir trabalhar amanhã de olho roxo.

Caim e Abel


"Nós sabemos muito bem que os irmãos se odeiam desde que Caim matou Abel." Esta é uma observação do ator Walmor Chagas sobre seu personagem na segunda temporada da série Filhos do Carnaval. Tomazio Gebara, o irmão inválido de Anésio, que surge após a morte do patriarca da família com o propósito de se vingar de seus descendentes. Assisti a dois capítulos da primeira temporada, agora reprisada nas véspera da estréia da segunda, e fiquei impressionado com a qualidade da produção. Personagens tão complexos quanto verdadeiros, zero de esteriótipos, texto, enquadramentos (o velho clichê: parece cinema?!) Mais do que isso. É como gostaríamos que fossem as produções de ficção na TV brasileira. Por que não acabar de uma vez com as novelas, por exemplo, que surgiram aos borbotões após a entrada da Record na briga, e fazer tantas séries de ficção quantas a grana permitir? Mantendo-se a qualidade, pois é esta que difere uma da outra. Quem tiver HBO, recomendo não perder Filhos do Carnaval. Confesso que me impressionou.

Vou adaptar aqui a frase do velho Walmor: Nós sabemos muito bem que os irmãos se odeiam (e se amam) desde que Caim matou Abel. Acredito ser assim a relação entre irmãos. Partindo do mito de Caim e Abel, no qual o irmão enciumado mata o outro por ser preterido, percebo não ser só isso as relações entre irmãos. Como mito, a história dos irmãos bíblicos deve ser fatalista, pois requer representatividade, estigma. Mas a realidade é diferente. É de ódio e amor, na maioria das vezes. Por mais que hajam diferenças entre irmãos, personalidade, caráter, prevalece sempre a força da consangüinidade falando mais alto, ou mesmo superando estas diferenças. Claro que há os casos extremos (voltando ao mito) trágicos, mas mesmo nestes, analisando mais friamente, podemos perceber o quanto o parentesco é superior. Pois quem chega ao extremo de pôr fim a vida de um irmão, estará irremediavelmente condenado, antes de tudo, por si mesmo.

Pessoamente tenho alguns exemplos desta máxima, na qual os irmãos se unem, apesar das diferenças. Ninguém é a mesma pessoa durante a vida, isto não é novidade pra ninguém. E as vezes, aquele irmão distante, ou mesmo que não nos é simpático, mesmo este, pode nos surpreender quando "volta" sinceramente arrependido desta ou daquela forma que nos tratara anteriormente. Repito, ninguém é a mesma pessoa com o passar dos anos. E acredito que ninguém retrocede. Então, fatalmente devemos crescer, evoluir. E o que mais é o amor, senão a representação de algo sublime em nós, tão imperfeitos? Há ainda quem diga que os amigos são a família que escolhemos. Digo mais, os amigos (verdadeiros) são os irmãos não consagüineos que nos acompanham. Me considero um privilegiado por ter alguns assim. Pessoas que a exemplo de um irmão de sangue, podem voltar (se um dia tiver te deixado), podem te socorrer, e acima de tudo, podem te amar incondicionalmente, porque houve ali um encontro de almas, acima de qualquer outra convenção. O que na verdade, talvez explique a força que um irmão de sangue pode representar. Porque acima do parentesco físico, o que prevalece é a irmandade da alma. Mas isto é um outro mistério.

Droids

Motherfucker

Não se engane, no fundo a gente sempre sabe o que quer. É que na maioria das vezes nos enganamos, mesmo. Pedimos pizza em casa, quando tudo o que se quer é a falta de memória dos peixes. A alegria dos idiotas. E a paixão muda das putas. Solicitamos serviços de terceiros e deixamos o telefone tocar, sem fim. Não se engane, quem te ama verdadeiramente, não vai te perdoar. Se você não o fizer primeiro. Porque é tão mais normalzinho sorrir. Porque é tão mais bonitinho entender. Você abre a janela, sente o vento quente que entra, e alguém na calçada acena: Bye, motherfucker... Aí sim, você acredita que ainda tem sangue nas veias.

O dia em que São Paulo parou


"Se esta brincadeira chamada Oscar tivesse um mínimo de seriedade, Andréa seria candidata ao prêmio de atriz.

Se Salve Geral chegará ou não até o Oscar é totalmente irrelevante. Na verdade, aquela festinha cafona de Hollywood sequer o merece. E, para quem pergunta se “é esta a imagem que o Brasil quer mostrar lá fora”, vale dizer que Sérgio Resende é cineasta e não agente de turismo. E que o cinema brasileiro não é a Embratur."

Celso Sabadin - Cineclick

– E ainda tem Otavião em cena. Doido pra ver!!

Sonhos


Há cerca de um ano que tenho um sonho recorrente. Ando por uma praia, quase madrugada, dia amanhecendo. Alguma praia do Sul, mas não sei qual. Uns metros à frente, sentada numa cerca, uma figura familiar, me espera chegar. Sei quem é, o que representa e o que sugere este encontro. Sei, mas não vou dizer aqui. O que importa, é o quanto este sonho começa a fazer sentido, principalmente este ano, em que tantas coisas e pessoas bacanas têm acontecido. Digo acontecido e não aparecido, porque cada vez mais tenho a certeza de que as coisas boas não aparecem, simplesmente do nada, na nossa vida. As coisas bacanas, que valem a pena e te fazem crescer, elas surgem porque se batalha por elas. Se luta por elas. Falei aqui outro dia, que não existem deuses entre nós, nem fatos mirabolantes que, do nada, te levam pra Suíça, Paris, Amsterdam, escolha o destino que mais achar incrível, e entenda o que quero dizer. Pois bem, as coisas bacanas que surgiram este ano, só surgiram porque me empenhei por elas, acreditei nelas, e principalmente em mim também, o que é bem difícil. É uma espécie de poder que se têm, que as vezes não nos damos conta, mas que temos, todos nós. Poderia citar nomes, fatos, coisas, mas não precisa. Nem seria ético citar pessoas que não pediram para serem citadas, porém, umas mais, outras menos, todas me ajudaram. Me ajudam, até hoje. Acredite você no que quiser. Anjos, duendes, deuses, deusas, tudo é válido, se vai te fazer acreditar em você mesmo, e a partir daí criar condições pra que atinga o seu objetivo, seja ele qual for. Quando ando naquela praia, ao encontro de alguém que não está mais aqui, mas em algum lugar, ainda esperando, não penso em adiantar este encontro. Pelo contrário. Pra que eu chegue lá, preciso estar feliz, pleno. E isso são coisas que só a realização te dá. Este caminhar está apenas começando. Como disse, o dia ainda está nascendo. E com ele, todas as possibilidades, todas as coisas incríveis que já estão acontecendo, não porque eu sentei na areia e fiquei olhando as ondas quebrarem na praia. Mas porque eu caminhei, e ainda caminho, em direção à felicidade.

Luz

Maggie the cat (Ode aos Clássicos)

Estações

Foi só enquanto trocava os cream-crackers de zip-loc, que ele lembrou, que ela avisara num sms: Volto só na primavera. Naquela noite que ventava quente, ele adoraria um sorvete, fosse de qualquer sabor, e pensou: Não deve ter sabor algum, a primavera em Toronto.

Para Otávio

Todas as leis do mundo

No domingo na cidade, pelo reflexo dos seus óculos escuros, ele via os prédios ardendo em riste, em direção ao céu. De um azul tão claro, que quase branco, cegava os incautos que saiam de casa, aquela hora da manhã, sem os óculos escuros. Quanto mais ela sorria por debaixo daqueles óculos, maior ficavam os prédios na frente dela, por trás dele. Não a tocava, pois sabia. Não lamentava, porque ela sorria. E isso demolia todas as leis do mundo, naquele domingo na cidade.

Carpe Diem (Ode aos Clássicos)

Parede azul


Como posso esperar que me veja onde eu sequer pretendo passar? Como posso querer ouvir o que você nem saberia conjugar? Há distâncias tão imensas, como um simples atravessar da rua, como te ajudar com os pacotes da padaria, ou com a pintura daquela sua parede que você pretende azul. Onde um simples atravessar da rua torna-se uma viagem interplanetária.

Ninguém percebe


Na pré-balada, na calçada, onde a moça chega sozinha e todas as outras olham, mas chegaram acompanhadas e tão mais sozinhas, e a mesma moça que não ajeita o sutiã e olha o cara de camiseta preta, encostado na parede, na calçada, com aquela moça que nem tá com ele, mas que percebe a moça que chegou e que olha. Mas a moça tem princípios, não apenas solidão e apenas olha, então. Ela aprendeu um dia a respeitar, os outros mas a si mesma antes de tudo. E não vai ajeitar o sutiã ali, na frente de todo mundo, na calçada, pré-balada. E os meninos chegam, 2, 3, 4, 8. E todo mundo vê todo mundo. E todo mundo tão alheio, nem aí, mas todos querendo tanto e precisando tanto, mas tão alheios todos que ninguém percebe que ninguém e aí todos continuam tão alheios e tão querendo, todos. Igualmente a moça que chegou sozinha e olha, e sabe que precisa ajeitar o sutiã, mas ela tem princípios e os meninos todos em volta, rondando, acabando de chegar e um entre eles reconhece um amigo de outras datas, outras calçadas, e olha o boyzinho, que agora é de programa, porque cansou de não ter grana, mas ele tem princípios, e não vai cobrar do amigo, que é de outro tempo, quando ainda tinha esperança, além de princípios. E eles conversam e olham pra moça, e chega aí, vamos conversar. Todos tão alheios, nem aí, mas querendo tanto, precisando tanto.

Voltas

Dizem que Deus escreve certo por linhas tortas. Dizem também que o mundo dá voltas. O que dizer então sobre as voltas que o mundo dá, trazendo de volta coisas e pessoas e momentos tão bons que dão tanto alívio, depois de tantos caminhos mais tortos que as próprias linhas? Expresso aqui o mais puro arroubo de otimismo, esperança e crença. Em tudo o que é feliz e que gera vida. Otimismo perante a vida. Esperança, ainda e sim, no ser humano. Peace.

only you

Delírios de Rosália

Rosália era uma gordinha safada, que nos dias de chuva se divertia mostrando fartos seios a quem passasse pela rua. Tinha lá seus vinte e poucos anos, mas era como uma criança: boba até não poder mais. Dormia chupando o dedo, e de vez em quando até mijava na cama. Achava graça de tudo, mas se ouriçava toda era com uma boa sacanagem. Deixava-se relar por meninos imberbes, invariavelmente acometidos pelo priapismo juvenil e ejaculação precoce. Divertia-se como uma louca ao ser paparica em troca de sexo, e jamais recusava uma oportunidade de estremecer a terra com seus orgasmos retumbantes. Dentre os fornicadores, era tida como a melhor trepada do século, pois topava de um tudo e ainda pedia bis. Sua farra só acabou quando foi currada por nove estivadores fétidos e mal intencionados. Fizeram dela gato e sapato, e daquela noite em diante, enlouqueceu de vez. Ela foi vista remando em direção a Paquetá, mas por lá, jamais foi vista. É possível que tenha naufragado em seu próprio delírio, ou esteja à deriva, em direção à terras mais promissoras, onde poderá enfim se recuperar do baque orgiástico e começar uma nova vida, com a cintura mais acentuada e batom vermelho nos lábios.

– Texto genial do Rafa Paschoal, do blog suburbanismos (link ao lado). Mais um da série Textos que eu queria ter escrito.

tchau, Patrick

domingão


Um bom termômetro do quanto se é querido, pode ser o fato dos amigos não deixá-lo dormir num domingo modorrento como este. Não que eles não saibam da sua noite virada, não que eles não saibam de que você precisa descansar. Alguns deles também viraram. Alguns deles também estão cansados. Mas ainda assim te buscam. Isso é bom. Embora atrapalhe meu sono. Embora em domingos abafados como este, eu não queira mesmo fazer nada. A não ser engolir rápido o Cafi-Lisador, que extermina sua dor de cabeça em 1 min (é poderoso o negócio).

Não posso estar com todos ao mesmo tempo. Cada um na sua trilha. Na sua viagem. Mas atendo, converso, damos risadas, prometo uma ou outra coisa que não tenho certeza se será cumprida, e me volto pro domingão abafado. E a cabeça (agora sem dor), grita. As histórias gritam. As palavras gritam. Querem sair. Tem muita coisa que quero fazer. Tem coisas que realmente acho valiosas, e que quero lançar por aí. Pra que outros vejam. Outros amigos se emocionem e se divirtam. Aí dou bolo nos amigos (pelo menos até a noite cair) e me entrego pros delírios que cospem pelos sete buracos da minha cabeça. São mais ou menos assim, os domingos modorrentos e abafados. Uma alegría sem par.

O anjo

"O que nunca pensei é que pudesse ser assim tão vazia uma casa sem um anjo. Dentro de mim existe alguma coisa que espera a sua volta, de repente, não sei se pela janela ou se aparecerá novamente no mesmo lugar. Para prevenir surpresas, tenho deixado sempre abertas todas as janelas e todas as portas."

Caio F.

A fase dos porquês

Tenho sido questionado sobre muitas coisas. Coisas até de que não faço nenhuma idéia. O mais grave (pra não dizer irônico), é que justo quando eu mais busco respostas e saídas, mais vem gente me questionar. Não estou reclamando. Até porque são porquês de gente que eu gosto, que confia em mim, do contrário não tavam nem aí pra minha opinião. Mas são muitos porquês. Ah, mas agora seu blog é branco? É, é branco. Ah, mas você não tá escrevendo muito, né? Não tô escrevendo muito, talvez porque não queira escrever qualquer merda. Ah, mas o branco dá um ar mais profissional. Dá? Não sei, não pensei nisso. Ah, mas... Chega. Eu preciso muito de respostas, também, acreditem. No fim das contas, acho bacana este processo de troca de confiança, e me ajuda num exercício que venho tentando me empenhar cada vez mais: a tarefa hercúlea de ser generoso. Putaquipariu, como é difícil ser generoso. Mas é tão mais bacana quando a gente encontra um pela frente, ou mesmo, consegue ser. Peace.

Murdoc

Bom motivo


– pra não levar as crianças no zoológico.

Two Lovers


Tentava escrever sobre este filme. Não consegui. É o tipo de filme (que a mim parece perfeito), que não tem nenhuma espetacular pretensão, mas que te dá tudo que você quer/precisa ver. E sentir. Não consegui escrever. É demais pra mim. Apenas indico que assistam, sem falta. E tentem decifrar se a fala de Joaquim Phoenix (no papel da sua vida), aquela, perto do fim, em que ele diz estar "muito feliz" é sincera ou não. Respondendo a isto então, tudo estará explicado. Assistam!!

– O Inacio Araujo escreveu sobre ele, aqui.

time has passed

Esquece

Todas as teorias de finais de novela, filmes musicais e/ou bom mocismo que porventura ainda pairarem na sua cabecinha cheia de idéias mas nenhuma cam (ou pau) na mão. Esqueça toda essa merda. Acredite no outro sim, mas muito e principalmente em você mesmo. E acredite mais ainda no dom, manha, talento, chame como quiser, esse negócio que tem aí dentro e faz você sonhar em horário comercial. Pois bem, agarre-se nisso e vá. Esqueça aquelas reviravoltas mirabolantes, pois não existem gênios, não existem deuses entre nós, almoçando em restaurantes por kilo, ou andando de metrô. É tudo uma questão de você ser e acreditar naquilo que você realmente é. E pode fazer. Peace.

Alfinetadas de Denis Fracalossi

Eu já disse aqui que sou chato. Assim como já me classificaram de chato carismático. Ou que possuo um humor ácido. Na verdade acho que tenho é um mau humor ácido. E isso por si só, já acho engraçado. Ou patético, sei lá. Não sei se tenho mesmo o tal humor ácido, acho que estou mais pro implicante mesmo. Mas conheço alguém que comprovadamente é o humorista mais ácido e inteligente que já esbarrei. O cara tem umas tiradas de doer e uma crítica sempre mordaz e inteligente. Ele não perdôa, alfineta mesmo. Mas tudo com educação, com um português corretíssimo, profissional das letras que ele é. Quer um exemplo? Vai no blog do rapaz, aí na lista dos fodões e divirta-se: noteleferico.blogspot.com

Piu Piu faz 60 anos

Brando


"Um ator é um sujeito que, se você não estiver falando dele, não está prestando atenção."

– Frase de Marlon Brando, que nesta foto dá uma pinta incrível.

Oasis (agora sim)

– Noel, não precisa explicar nada, cara. Tá bom assim. Quem dera o Humberto Gessinger tivesse a mesma atitude. Ou desaparecesse, como o Belchior...

Ouvi em algum lugar

E descobri ser a mais pura verdade: Quando você pensa que sabe todas as respostas, a vida muda todas as perguntas.

Parece Akira


Freedom

Akira

Mas não é. Os traços são familiares porque pertencem ao mesmo Katsuhiro Otomo, pai do jovem anti-herói apocaliptico, nascido a 20 anos: Akira. Freedom é uma série de animê OVA (Original Video Adaptation) patrocinada pela Nissin Cup Noodles, em comemoração ao seu aniversário de 35 anos.

A tarde mais fria

O sangue escorria, lento, pelo nariz. Pingava na camisa, mas ele havia desistido de conter o fluxo. Não conseguia tocar o nariz. Talvez quebrado, doía insuportavelmente. Tinha os olhos vermelhos, cheios d'água. Sua cabeça parecia encharcada. Fosse pelo sangue, pelas lágrimas, pelo suor ou pela chuva que caía fina, bem fina. Quase uma garoa imperceptível. E o frio. O frio torturante que fazia naquela tarde de domingo, quase noite. Naquela rua já molhada, quase deserta. Ele tentava, com dificuldade, manter-se de pé na calçada. Tentava manter-se de pé, conter o sangue e lembrar. Fazia um esforço enorme para lembrar, mas não conseguia. Sentia muita dor. Por dentro. Por fora. O fluxo, as gotas, a garoa fina. Abria os olhos o máximo que podia. Tentava enxergar além da calçada. O outro lado da rua. Tentava enxergar não sabia exatamente o que, mas abria ao máximo os olhos, fazendo cair as lágrimas que insistiam em correr, misturando-se ao suor. Procurava alguém, ou talvez não quisesse ver ninguém. Melhor, preferia talvez que ninguém o visse ali, naquele estado. Não que ele soubesse propriamente o estado em que estava. Mas podia sentir. Sentia fundo, e sofria. Houve um momento em que as pernas não conseguiram mais. Num movimento instintivo, tentou apoiar-se em algo, mas na larga calçada só havia ele. Nenhum poste, nada. Alguns passos para trás o fez bater contra a parede de um bar, fechado àquela hora. Apoiou-se. Respirou fundo, quase feliz por não ter caído. Mas ao respirar, sentiu as costelas. Também doiam. Queria lembrar. Por que? Onde? Quando? Não conseguia. A dor fazia com que não sentisse muito o frio, que prometia uma noite gelada, naquela que os jornais noticiariam na segunda-feira seguinte, como a tarde mais fria na cidade, nos últimos 40 anos. Foi preciso que se passassem 40 anos, pra que fizesse um frio tão intenso, que o encontraria então, naquela calçada, naquela tarde de domingo deserta e tão fria, e ele tão machucado e tão perdido que não conseguia lembrar. Por que? Onde? Quem? Quem, enfim? Abriu os olhos o máximo que pôde. E encostado contra a parede, deixou-se cair, lentamente, até que tocasse o chão. O vento parecia mais forte agora, no chão. Abriu os olhos o máximo que pôde. Ninguém passava. A rua já molhada, agora totalmente deserta. E um poste à sua frente, do outro lado da rua, acendeu sua luz. Ele viu. Contra a lâmpada do poste, pôde ver os finos traços brancos da garoa que caía agora um pouco mais forte. Um vento gelado soprou no seu rosto, agora já quase sêco. Queria lembrar. Sabia que precisava lembrar, e pensava. Para logo em seguida, parar de pensar, pois parecia que quanto mais pensava, mais a dor aumentava. Sem muita consciência disso, queria que a dor parasse. Queria que o frio parasse, que a chuva parasse, que o dia terminasse logo e ele pudesse, enfim sair dali. Mas pra onde? Sair dali. Do frio, da chuva. Daquelas dores, do sangue que escorria, secando sobre seus lábios. Foi quando, abaixo do poste, do outro lado da rua, uma figura pequena, começou a tomar forma. Parecia um vulto, que ele não sabia se saía de trás do poste, ou mesmo brotava do chão. A figura crescia e tomava forma à sua frente, do outro lado da rua. A chuva caia pesada agora e a figura sem forma parecia crescer cada vez mais. Parecia chegar cada vez mais perto dele. Um hálito quente e familiar aproximou-se do seu rosto. Disse alguma coisa. Sentiu um toque leve na sua testa, e um jeito de mexer nos seus cabelos, que o fez reconhecer e enfim, lembrar.

Bate

As vezes, um pavor, que é do tamanho do mundo.

Galerias de Metrô



– E ai, Gilberto. Isto também é poluição visual?

Erika Christensen


Ela sempre chamou a minha atenção, apesar de não ser uma atriz muito conhecida ou badalada por aqui. Desde a adolescente que fode loucamente com um negão, em troca de drogas, no filme Traffic, até uma vilãzinha psicopata que quer a todo custo um nadador bonitinho, no filme Swimfan. Ela nunca foi protagonista, até onde eu sei. Mas a garota é dona daquilo que eu chamo de uma beleza incomum. Não sei definir muito bem. Mas é um tipo de beleza meio estranha, que eu admiro bastante. Além de excelente atriz. Acabei de assistir com ela, o médio Veronika decides to die, que apesar de não ser exatamente o filme do século, está longe de ser o lixo que as críticas estão propagando. Mais uma vez Erika não é a protagonista. Não importa, ela come pelas beiradas. E muito bem, diga-se de passagem.

Admirável mundo novo

Dizem que fumar faz mal à saúde. Que beber faz mal à saúde. Que fazer sexo faz mal à saúde. Ultimamente, respirar perto e algum contato físico com pessoas gripadas, podem te transmitir o mais novo vírus do pedaço. É o mundo tão mais admirável que acabamos de criar. Os MSNs e perfis virtuais tendem a bombar cada vez mais. Lá todos estarão mais seguros, livres de contatos mais próximos, claro. Porém vivos e sãos. Ultimamente é assim. A proximade está matando. Cuidado!

Vem ai...

Esteban Diacono

Erase

O caminho sem volta

O caminho sem volta é assim. Você vai andando, cada vez mais rápido, embora agora vá tranquilo. Porque tem certeza. E ter certeza é metade do castelo construído. O caminho sem volta é aquele que você percorre, sabendo exatamente onde vai dar. E você vai feliz. Porque sabe que lá no final, você vai ser, simples como o próprio andar, muito mais feliz.

Ana Cristina Cesar


Estamos em cima da hora.
Daydream.
Quem caça mais o olho um do outro?
Sou eu admito vitória.
Ela que mora conosco então nem se fala.
Caça, caça.
E faz passos pesados subindo a escada correndo.
Outra cena da minha vida.
Um amigo velho vive em táxis.
Dentro de um táxi é que ele me diz que quer
chorar mas não chora.
Não esqueço mais.
E a última, eu já te contei?
É assim.
Estamos parados.
Você lê sem parar, eu ouço uma canção.
Agora estamos em movimento.
Atravessando a grande ponte olhando o grande
rio e os três barcos colados imóveis no meio.
Você anda um pouco na frente.
Penso que sou mais nova do que sou.
Bem nova.
Estamos deitados.
Você acorda correndo.
Sonhei outra vez com a mesma coisa.
Estamos pensando.
Na mesma ordem de coisas.
Não, não na mesma ordem de coisas.
É domingo de manhã (não é dia útil às três da
tarde).
Quando a memória está útil.
Usa.
Agora é a sua vez.
Do you believe in love...?
Então está.
Não insisto mais.

Bom fim de semana