Ele se encontrou com uma fada no centro da cidade. Era uma fada vestida de tons de roxo, ao meio-dia nas imediações do Pátio do Colégio. Ali, no meio do povo passando, dos mendigos coçando, das crianças pedindo. Tudo bem que era uma quarta-feira comum e não tinha lá uma multidão tão grande assim. Mas ela tava lá. Ele percebeu que tinha uma outra fada com ela, vestida de prata, mas esta mantinha uma certa distância e ele não se importou muito com ela. Era impossível ficar indiferente àquela fada vestida de roxo com grandes asas roxas transparentes, balançando, refletindo aquele sol a pino do meio-dia. Era bonita demais pra ser ignorada. E ele, como era meio mágico mesmo, conseguia olhar bem direto no reflexo do sol naquelas asas sem que isso lhe provocasse qualquer mal-estar. Ela, a fada, reconheceu de imediato aquele ser quase semelhante, parado ali, admirado da sua beleza. E isso bem cá entre nós, ela olhou pra ele como se quisesse ela sim, fazer um pedido. Um pedido de fada. Mas ele, como era mágico e também muito generoso, apenas sorriu, moleque, percebendo a intenção dela. Estendeu a mão, humilde, pedindo uma mágica qualquer a ela. Mas o que seria afinal este momento mágico, se uma amiga que o acompanhava não tivesse registrado este encontro em sua digital? Certa vez eu até vi esta foto com meus próprios olhos. E posso assegurar que ela estava lá. Mas ele nem ligava pro meu espanto. Apenas repetia: – Sim, elas existem.