NÃO ME MANDEM CORES

"Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota
e adiar para outro século a felicidade coletiva.

Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição
porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan."

Óleo de Jasinsk, (EUA)

Das tiras Os malvados, de André Dahmer.

Imortalizado em uma pintura do artista australiano Vincent Fantauzzo.

Foto de Lexidh Solstad, Noruega.

Desenho de Leonilson

Vestiu aquele tênis verde camurça, a surrada camiseta azul
e saiu com os cabelos molhados mesmo
Tinha sol mas nem tava uma tarde quente
Ao contrário, soprou um vento contra ela quando desceu a rua,
que foi preciso segurar a saia, antes que o melhor acontecesse
Ela nem escondeu o riso quando sentiu o vento
Ela nem escondeu o medo quando pensou no quanto queria

Pensou nos dois
Queria estar perto dos dois
Pessoas diferentes, sentimentos iguais
Eles jamais entenderiam a sensação de liberdade daquele vento na sua saia
Eles jamais seriam pra ela o que ela queria em um só.

As flores que você me trouxe
ficaram para sempre.


- Tattoo by TonyGoeke

Ilustração de Alex Cherry, (EUA)

Eu sempre gostei daquela cadeira amarela
que você mesma havia pintado
Houve um tempo em que até pensei que a ganharia de presente
Mas nem passava pela sua cabeça me dar a cadeira amarela

Depois, você até a reproduziu num quadro, igualzinha a original
Pintava este quadro, com a cadeira amarela, pra uma amiga que também gostava muito dela
Eu, que sempre gostava das coisas que você pintava, pensei também
que talvez até ganhasse o quadro da cadeira amarela
Mas não, nem passava pela sua cabeça desapontar sua amiga

Você tava esvaziando a casa, se livrando de coisas inúteis
ou que não te agradavam mais
Seria bom ter só o que se pudesse carregar, você dizia
Eu pesava pouco essa época, tava magrinho, magrinho
Ficava muito tempo sentado na cadeira amarela,
olhando o quadro da cadeira amarela
Ele tinha um fundo azul cobalto, seu preferido e um chão xadrez
A cozinha da sua amiga tinha o chão xadrez, eu ria,
nem cozinha eu tinha, direito

A casa tava quase vazia agora, quase tanto quanto eu
Haviam só umas pequenas caixas de documentos
Uns pedaços quebrados de saudade
Algumas almofadas, umas palavras meio sem nexo que ainda saiam
Uns papéis espalhados pelo chão
Umas poucas lágrimas que nem tinham muita vontade de sair

Lembro que a cadeira amarela ainda ficou lá, por um bom tempo
Foi uma das últimas coisas que você retirou do apartamento
Eu ficava por lá também, eu e ela as vezes, só os dois
Eu a admirando, olhar de apaixonado e ela impassível
Talvez competíssemos, sem saber
Talvez esperássemos por respostas

Iríamos embora juntos, eu e ela?
Iríamos embora cada um pro seu lado?
Iríamos embora cada um no seu caminho?

Depois eu soube que ela tinha ficado muito bem sobre o chão xadrez.

Foto "just shut up" de Lookforit

Of this virtual insanity, we're livin' in,
Has got to change, yeah
Things, will never be the same,
And I can't go on
While we're livin' in, oh virtual insanity

Oh, this world, has got to change
Cos I just, I just can't keep going on, it was virtual,
Virtual insanity that we're livin' in, that we're livin' in

That virtual insanity is what it is

"(...)Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir na madrugada passos que se perdem sem memória.

Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
Infantil de ter pequenas coragens.

Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem história
Resta essa pobreza intrínseca, esse orgulho, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.

Resta essa fidelidade à mulher e ao seu tormento
Esse abandono sem remissão à sua voragem insaciável
Resta esse eterno morrer na cruz de seus braços
E esse eterno ressuscitar para ser recrucificado.

Resta esse diálogo cotidiano com a morte, esse fascínio
Pelo momento a vir, quando, emocionada
Ela virá me abrir a porta como uma velha amante
Sem saber que é a minha mais nova namorada."

Vinícius de Moraes

Foto "Romance" de Joel Lomoboy

...isto é uma dica e não uma crítica. Pois esse lance de crítica de filmes já tá dando polêmica demais nos blogs por aí.
Sabe aquele filme que você já sabe que vai gostar antes mesmo de assistir? Pois é, de antemão o filme Juno já me era simpático, assisti-lo só confirmou minha impressão. Comédia romântica independente, que estourou nos EUA, com várias indicações ao Oscar. Entre elas, melhor atriz pra incrível Ellen Page que já tinha mostrado seu talento em "Menina má.com". Roteiro inteligentíssimo de um certo Diablo Cody, com trilha sonora bacaninha Indie (pra quem gosta) e visual esperto. Pra você sair do cinema sorrindo.

Esta obra, além de todas do Diego Rivera sempre me impressionou muito. De estilo tão marcante e atual, parece que foi feita ontem, mas é de 1957 - “Las Sandias”.

Era só atravessar aquela rua ensolarada, ela o esperava do outro lado
Era preciso só um passo, questão de segundos
Ela acenava do outro lado

Chovia do lado de cá, fazia frio e a rua a sua frente tava cheia de luz
Não era preciso muito esforço, só uma decisão
E ela o olhava do outro lado
Podia continuar na calçada, o frio é tão confortável, - pensou
Era certo que precisava se aquecer, e aquele sol parecia tão...

Ah, que bom seria poder tirar toda a roupa, no meio da rua
e se espalhar naquele sol, naquele calor, mais perto dela
Mas o frio era tão confortável, quase sorriu

Ela foi ficando cada vez mais longe e as nuvens começaram a alcançar a rua.
O sol cada vez mais frio, mais frio...

Giersh Hygiene-Museum Foto: Steffen Giersch

Eminente artista barroco, distinguiu-se como escultor e arquiteto, ainda que tivesse sido também pintor, desenhista, cenógrafo, criador de espectáculos de pirotecnia, entre outras atividades. Esculpiu grande parte das obras de arte que embelezam Roma e o Vaticano.

- sim, isto é mármore.

Versão Urban Vinyl/Art toy

A revista Vanity Fair recriou cenas clássicas de filmes de Alfred Hitchcock utilizando atores contemporâneos.
São fotos impressionantes, dentre elas Renee Zellweger em Vertigo.
Para ver todas, eis o link: http://www.brainstorm9.com.br/

Incrivel ilustrador francês

As marcas

As marcas na carne
São recentes
São vermelhas

As marcas na carne 
As marcas doem
As marcas denunciam
As marcas consumam 
As marcas

As marcas na carne
Não esquecem
Não se apagam
As marcas na carne
São como novas tatuagens

Feitas por dentro.

Ilustração da incrível artista Finlandesa Sanna Annuka.

...mas não precisa tirar a fantasia.

Ipanema 12/07 - Imagem cedida por Guto Vimac (valeu, Gutão)