Pega a tesoura. Aquela de criança com pontas arrendondadas pra não machucar e tira só a ponta do seu dedo mindinho. E põe na minha boca. Pra eu não precisar morder seu dedo. É que eu não quero que sofra. Você mesmo corta. Daí você fica responsável por suas próprias dores. É que eu quero que você sinta. Só um pouquinho. Sem essa de medos pequenos. Não me interessa quem reclama de dor. Me desanima essa gente que se poupa demais. Corta o teu lóbulo direito. Só o direito. Põe em cima do sorvete de creme no lugar da cereja. É que eu quero que você sorva. Junto comigo. Me dá o sorvete sorrindo, olhando feliz eu lamber seu lóbulo direito que agora é meu. Toma este alicate. Arranca o teu canino pra misturar na minha sopa de ervilhas. Elas tão meio cruas mesmo. Mas eu vou perceber o teu canino branquíssimo entre elas. Sorri mesmo assim, sem ele. É que eu quero te ver feliz em qualquer circunstância.