Carlos e Julieta passeiam pela orla de Copacabana numa tarde de quase verão onde tem um sol fraco e quase frio. O frio que vem junto com a maresia que dá aquela espécie de névoa em plena praia nas tardes claras de muito vento. Eles caminham olhando divertidos as pedras portuguesas que assolam todo o calçamento da orla naquele bairro. Ela sorri, pulando sobre as pedras portuguesas com seu pequeno sapato de verniz amarelo. Carlos segura sua mão com tanta leveza que ela podería ir planando ao seu lado, tal qual um balão levado por uma criança. Eram ainda, na vida adulta, como o pai que caminha com a filha criança pelas calçadas de Copacabana. Como explicar um amor tão grande, Carlos? Como explicar uma felicidade tão completa, Julieta? Um amor tão grande e tão insuportável. Ele morreria apenas 12 dias depois dela. Uma felicidade tão incompleta, talvez dissesse Carlos.
"Não posso me queixar. Mas dizer que a vida foi boa, foi feliz é um exagero. Eu não conheço vida feliz. A felicidade é um estado de espírito transitório por natureza. Nós temos momentos de plenitude, divinos, celestiais, mas, ao lado disso, tem a rotina, a dor de barriga, a dor de dente, a conta por pagar."
– Carlos Drummond de Andrade