Noites brancas

E se depois de todas as camisetas brancas, de todas as rosas brancas daquele jardim de inverno coberto de pequenas pedras brancas, o que seria ter na minha direção aquele branco cheio de perguntas do seu olhar? O mesmo olhar que todos na grande casa, da grande festa desejam. O que seria? Talvez uma paz tão breve e tão branca sendo mais branca até que todas as rosas e todos os filtros de todos os cigarros e todas as camisetas que desfilam, que passam e te olham. E se depois de toda essa paz que duraria tão pouco, na verdade só o tempo breve do pulo do gato que salta do banco de vime do jardim de inverno e passa tranquilo pela sala ignorando os filtros, as camisetas e os olhares brancos que vão todos para você. O que seria ter na minha direção este olhar? Que embora na festa não é de alegria. É antes de pedinte. É antes do cientista que busca louco pela noite a dentro a tão desejada fórmula. A tão desejada cura. O tão desejado e sempre buscado mas nunca encontrado. O seu olhar, no segundo em que o gato atravessa a sala entre todas as camisetas brancas, cai na minha direção. Neste exato e breve segundo que, sem chances de sobrevivência, caio sem vida no jardim coberto de pedras brancas.

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