O Murano azul espatifou-se no chão, espalhando mil minúsculos pedaços, como pequenas estrelas brilhantes azuis, naquele piso de madeira já tão cansado de tantos anos de passadas sem fim. Era antigo o Murano. Do tempo da bisavó. Seu avô herdara depois, de presente de casamento. Hà séculos na família. Mas isso agora não importava mais. O velho, raro, lindo e azul Murano não existia mais. Pedacinhos de céu azul ainda pulavam pelo chão, quicando, como estrelas cadentes que não caem, mas sobem, num sentido contrário aos desejos alheios. A família também já parecia estar em mil pedaços. Que diferença faria, um Murano despedaçado. Tanto melhor. O problema é que ele era realmente lindo. Azul, quase transparente. Um azul forte. Cobalto. Brilhava à noite, quando a luz, apenas de velas dominavam a sala. Espatifou-se o Murano. E ninguém tinha culpa. A bisavó. O avô. O pai. Ninguém da família. Despedaçados. Todos. Em mil pedaços. Espalhados pelo chão, já tão cansado de todos eles.
23.1.09
A beleza do Murano tornara-se lugar-comum e merecia uma re-significação hehehehehe
Me amarrei, cara!!!