o cortiço

Do meu coração, terreno baldio e alagado,
fiz um cortiço de quartos,
de paredes sujas e teto rachado

Embora baldio o terreno, era fertil a sua terra
e algumas flores nasciam,
sem que ninguém as plantasse

A seus inquilinos, todos devedores,
tinha por hábito perdoar,
eram todos vagabundos e perdidos,
assim como eu

Os quartos não eram seguros
e por vezes ruíam, sufocando
quem estivesse lá dentro

De minha parte, como mau administrador,
não sabia prever,
só sabia abrigar

Enquanto as flores cresciam
e os quartos ruíam,
o terreno virava uma espécie de entulho,
de túmulos não planejados

Tive por fim uma ordem de despejo,
trouxeram máquinas, analistas,
que me obrigaram a tudo limpar,
e a todos os inquilinos expulsar,

Mas eram todos devedores,
e assim como eu, sem ter para onde ir,
ficaram todos no mesmo terreno baldio,
onde não havia mais quartos,
mais nada

Mas a terra era fertil,
e lá no fundo, num canto de cerca qualquer,
alguma flor ainda insistia.

3 Response to "o cortiço"

  1. Lana Says:

    Simplesmente lindo!

  2. Silvinha Says:

    adorei.

  3. Anônimo Says:

    Has completado unos buenos puntos allí. Hice una búsqueda sobre el tema y encontró la mayoría de las personas tendrán la misma opinión con su blog.