Quero te tirar daquele cercado de roça, daquele refúgio de amor que te quiseram manter. Nada mais é do que o quarto trancado do pássaro menino que não pode voar. Quero abrir o portão de madeira velho e afagar o cão que vais deixar à sua espera, órfão do seu carinho de prisioneiro. Mas corre, atravessa os limites da prisão da qual eu vim te libertar. Quero que entendas, antes de escapar, que não é a vã liberdade que te ofereço, mas o escape da prisão de amor que o fizeram condenar. Agora olha para trás uma última vez. Vê o velho portão. Vê o velho cão. Vê o pai e a mãe, que te fizeram infeliz por tanto te amarem. O medo que terás agora só não é maior que o medo que te mantinha aprisionado. Quero que ganhes o mundo, como o filhote que se atira no espaço sem muitas escolhas. É voar ou morrer. Quero que ganhes a vida por tuas próprias asas. Quero que voe livre sem lembrar do que ficou para trás. Mas espero que lembres, que também se sofre e se pena nas mãos daqueles que nos dizem amar.
2.9.10
LINDO, LINDO, impressionante!