Diego e Frida


Continuação do post sobre Diego e Frida.

Minha noite é como um grande coração batendo (parte II)

"(...) Minha noite me esgota. Ela sabe muito bem que você me faz falta e toda a escuridão não basta para esconder essa evidência. Essa evidência brilha como lâmina no escuro. Minha noite quer ter asas e voar até onde você está, envolvê-lo no seu sono e trazê-lo até onde estou. Em seu sono você me sentiria perto e seus braços me enlaçariam sem você despertar. Minha noite não traz conselhos. Minha noite pensa em você, sonha acordada. Minha noite se entristece e se desencaminha. Minha noite acentua minha solidão, todas as minhas solidões. O silencio ouve apenas as minhas vozes interiores. Minha noite é longa, muito longa. Minha noite teme que o dia nunca mais apareça, porém ao mesmo tempo minha noite teme o seu aparecimento, porque o dia é um dia artificial em que cada hora conta em dobro e, sem você, já não é vivida de verdade. Minha noite pergunta a si mesma se meu dia não se parece com a minha noite. Isso explicaria à minha noite por que razão eu também tenho medo do dia. Minha noite tem vontade de me vestir e me jogar para fora, para ir procurar meu homem. Mas minha noite sabe que o que se chama loucura, de toda espécie, semente da desordem, é proibido. Não é proibido unir-se a ela, isso ela sabe, porém ela não gosta de ver uma carne unir-se a ela por causa da desesperança. A carne não é feita para desposar o nada.   Minha noite o ama com toda a sua profundidade. Minha noite alimenta-se de ecos imaginários. Ela pode. Mas eu não, eu fracasso. Minha noite me observa. (...)"

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