A coisa já chegou, você que ainda não viu

Ou já. Infelizmente é verdade. Outro dia Luciana me perguntou preocupada, sobre uma cena que escrevi aqui no blog, falando de um assalto seguido de morte para ambos, vítima e assaltante. O post chamava Durou poucos segundos. Ele tem uma continuação, mas ainda não escrevi. A preocupação dela era porque tinha achado o texto muito real, e pensava que realmente eu tinha presenciado a cena. Felizmente não. Era uma ficção da minha mente doentia. Mas ontem a noite eu vi uma cena, não tão trágica, mas que poderia ter sido. Em plena rua Frei Caneca, 8 da noite, horário ainda de grande movimento, dois moleques subiam a rua vindo na minha direção. Os típicos "nóias" paulistanos. Negros, descalços, o maior deles trazendo um grande pedaço de pau na mão. À minha frente, ia um garoto de uns 16 anos, o típico "playboy" paulistano classe média. Ao cruzar com o garoto, os dois nóias tentaram assustá-lo. O maior, que empunhava o pedaço de madeira, simulou metralhá-lo com a arma fictícia. O garoto se assustou, os dois riram dele. O menor, que não empunhava coisa nenhuma, deu um empurrão nele, fazendo com que ele saisse da calçada e alcançasse a rua. Os carros passando a milhão. O garoto tentou correr, quando o mesmo moleque que o empurrou, passou-lhe uma rasteira, fazendo com que caísse, quase no meio da rua. Os carros buzinaram, desviaram. Vi tudo muito de perto. Os carros passaram coisa de 20, 30 cm de distância do garoto caido no chão. Faltou muito pouco pra que fosse atropelado. Os dois moleques continuaram subindo, rindo e passaram por mim e pelas outras pessoas que desciam a rua, como se tivessem nos divertindo. O garoto derrubado? Levantou-se e continuou descendo a rua, desta vez mais rápido. Fiquei imaginando seu estado de espírito depois desta merda.

4 Response to "A coisa já chegou, você que ainda não viu"

  1. Antônio Moura Says:

    ... e eu estou imaginando o SEU estado de espírito ao testemunhar um troço desses. Deve ter sido, no mínimo, assustador.

  2. Lana Says:

    O que mais me assusta e preocupa em tudo é isso, é ver os nossos jovens como protagonistas de tão triste realidade.
    :-(

  3. nathanael: Says:

    É, Heitor, uma agressão gratuita. Primeiro, o ódio por ter nascido numa situação tão desfavorável; segundo, por ver o quanto uns tem e outros não (o que não pode significar 'facilidade' - já que quem corre atrás consegue mudar...). Então, de vítimas passam a ser agressores. Lamentável. Abs

  4. Denis Says:

    merda é pouco. mas isso não tem nada a ver com as classes menos favorecidas, como disse o nathanael. eu acho que está mais pra apocalipse mesmo.