À Deriva


Quem não traz da infância alguma recordação de férias ou fins de semana na praia? A praia, na infância, está para a maioria de nós, como uma espécie de primeiro parque de diversões. Os dias sob o sol, bóias, pele queimada, almoços no quintal, conchas, água. Muita água. Pois todas essas sensações transbordam da tela durante a projeção de À Deriva, novo filme do diretor pernambucano, Heitor Dhalia. Existem outras, menos agradáveis, que nos prendem na cadeira e nos levam facilmente para dentro da história da adolescente Filipa, que está em Búzios, de férias com a família. Filha mais velha de um francês casado com uma brasileira, ela está na difícil época da vida, em que se abandona a infância, sem contudo tornar-se adulto. É um período de transição, uma espécie de rito de passagem, a que a menina se vê obrigada a enfrentar, tendo pela frente uma grave crise conjugal enfrentada por seus pais.

As sensações menos agradáveis se devem ao roteiro cheio de pequenas armadilhas, propositadamente criadas para gerar um clima de constante apreensão, necessárias à trama de conflito vivida pela menina, que tenta, desesperadamente entender e quem sabe salvar o casamento dos pais, abalado, pensa ela, por uma aventura vivida pelo pai, na praia onde estão. Trabalhado em um ponto de vista todo da menina, a direção de Dhalia nos põe, assim como a Filipa, numa dúvida constante, e nos faz, junto com ela, tentar entender o que realmente está se passando naquela casa de praia. Com roteiro do próprio diretor, À Deriva reserva ao final, as respostas para todas para as perguntas que nos fazemos durante a história. Delicado no visual, na música, com atuações não menos que emocionantes de Débora Bloch (uma grande atriz), e Vincent Cassel, o filme consegue nos levar para dentro daquela família que se despedaça, e junto com eles voltar a sentir todos os cheiros, ritmos, sensacões, medos, prazeres e alegrias tão familiares a todos que já tiveram infância. É uma viagem imperdível, À Deriva.

2 Response to "À Deriva"

  1. Lana Says:

    É mesmo um filme sério?
    Tem Cauã Reymond...
    :-/

  2. Heitor Nunes Says:

    Penso que há várias razões pra ele estar ali. Nenhuma muito louvável. Mas... this is business. É um filmaço, sim!!