De cara na parede

Te mantenho assim. Você não me vê, mas eu vejo você. Você não me vê, mas pode sentir. Você não me vê, mas eu vejo a fina penugem da sua nuca. Por onde escorre o suor dos seus cabelos que respiro fundo, tão fundo quanto vou. Tomando para mim o mais fundo das suas entranhas. Você não vê, mas pode pedir. Pode implorar. Pode gritar. Mas eu não vou ouvir. E faço meu tudo que era seu e foge agora ao seu controle. Tomo para mim as súplicas que não ouço. As lágrimas que não enxugo. Explorador, invado, tomo posse. De tudo o que não é mais seu, pois me entrega sem reservas essas terras que invadi. De cara na parede você não vê. Você não tem e nem quer mais saída.

4 Response to "De cara na parede"

  1. Silvinha Says:

    Oh Lord!

  2. Jones Otávio Says:

    Ao terminar de ler a gente escuta uma vinheta que diz: "É Fantástico"

  3. Antônio Moura Says:

    Pior do que não ver é não escutar.
    A propósito, estou com saudade de lhe ver e de lhe escutar. Abração.

  4. Paco Says:

    Logo então lhe súplico, para repetirmos esta dose de sentimentos cegos.