Todas as cores do seu muro eu já conheço há um tempão. Decorei as mudanças que foram feitas através do tempo. Primeiro amarelo, depois laranja, depois vermelho, depois azul. Por último um branco sem muito a dizer. Ou justamente por ser branco, dizer muito. Em todas as cores que o seu muro teve ao longo da nossa vida, elas simbolizavam ciclos, nas vezes em que eu passava e olhava pela janela do ônibus. Que cor vou ver desta vez? Era sempre uma surpresa, depois da expectativa. Não maior que, talvez, te ver no terraço da casa. Ou no portão. Ou olhando longe, a estrada, pela qual passava o ônibus, onde eu estava, olhando sempre pra sua casa. Pro seu muro multicolorido. E todas aquelas cores, por mais bonitas que fossem, não me deixariam tão feliz, como se um dia, por acaso e sem expectativa, eu finalmente conseguisse te avistar, olhando a estrada. Mas aí eu nem perceberia as cores do seu muro.