Desculpa, Buñuel.

Agora volta. Tenta manter a direção em linha reta. Pelo menos desta vez, em que você corre perigo. Como um boi no corredor que o levará ao golpe fatal. Agora chora. O boi gemeria alto, se batendo contra as paredes do corredor. Mas nós, ao contrário, choramos. Baixo, na maioria das vezes. Nem sempre. Mas voltando, o importante é não perder o foco. Não se perder deste caminho em linha reta que o levará lá não me pergunte onde, pois ainda não temos a resposta certa (tempo). Mas é para onde devemos seguir. Ajeita os cabelos. Seca o rosto. Olha firme à frente e tenta mais uma vez. Entra. Assim, prosaicamente, como quem vai à padaria sábado de manhã. Ou mesmo impertigado, como naqueles clubes de cavalheiros de antigamente, onde mulher não entrava e muito menos fumava esses cigarrinhos cretinos. Senta. Como quem espera a carne de segunda que sobrou no açougue, pensando no faisão do filme do Buñuel, aquele a que você não tem acesso. Me refiro ao faisão. Tem coisas que não merecemos. Tem coisas que francamente, não nos merecem. Agora volta. Por aqui, senhor. Desesperados entram pela entrada de serviço.

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