Tinha um cavalo branco correndo pelas ruas de madrugada. Cruzando os sinais, todos amarelos, que não permitiam que ninguém passasse. Sem atenção. Àquela hora em que só os condenados ainda andavam livres pelas ruas. Fechando os olhos eu podia ouvir o barulho dos cascos batendo ritimados no asfalto. Imaginando sua musculatura dançando por baixo da pele grossa, branca, incansável, preciso, cruzando todos os sinais amarelos. Ele não podia vê-los. Os cavalos enxergam para os lados. Uma vez fui buscar meu pai num hospital em Petrópolis, onde ele fizera uma cirurgia. Chegando lá o encontro sentado, um enfermeiro terminava um curativo. Sorrindo sacana, como sempre, ele contava ao enfermeiro que aquele que chegava era o moleque de quem falara, que subiria a Serra dirigindo seu carro para ir buscá-lo. Tranquilizava-se agora, ao me ver chegar. Meu pai tinha um fusca branco.
2.2.10
Pai sortudo. Criou um desbravador de horizontes, que galopa serra acima para resgatá-lo. Lindo post.
6.2.10
MUITO BACANA!!!!
abs, Ale
11.2.10
Adorei esse texto, Heitor!
12.2.10
adoro cavalos
achei incrivel a imagem da "musculatura dançando por baixo da pele grossa"
é muito isso.
17.2.10
Heitor, venho seguindo seus momentos desbravando sua imaginação, acho você de uma sensibilidade sem igual.
Bacana o texto.
Xero