Vento a favor e sol a pino


A sua cara era mesmo pequena debaixo de todo aquele sol, bomba nuclear estourando as nossas cabeças. Mas também tinham as nuvens, tão brancas e um vento tão quente e diante da minha, a sua cara pequena. Protegida por aqueles óculos escuros que escorregavam no seu suor. O sol estava realmente muito quente, mesmo para aquele horário de pico. Íamos a pino, eu, você, o sol, a caminho dos fornos que depois de nos incinerar, talvez nos fizessem voar feitos fumaça, misturadas às nuvens brancas. Mas você falava naturalmente, assim normalmente, como se isso fosse a coisa mais normal do mundo de se fazer comigo. Que olhando a sua cara pequena diante da minha, tinha ganas, confesso. Às vezes de beijá-la. Às vezes de esmagá-la. Convença-me do contrário.

2 Response to "Vento a favor e sol a pino"

  1. Antônio Moura Says:

    Esse post arrepiou. Genial.

  2. Anônimo Says:

    cara, sensacional o que você tá fazendo por aqui.

    esse aqui então... muito muito bom.


    volto sempre, com certeza.
    abraços.